sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um copo molhado e vários universos.

   A mesa molhada do bar diz quanto tempo os copos já ficaram ali, indo e vindo a cada gole. É quase um ritual. Tem o altar, as oferendas, os sacerdotes e a consumação embriagada no fim da noite. São os dito cujos “Corações selvagens” que tanto anseiam tais noites, correndo velozes em busca de algo que nem ao menos tantos deles sabem descrever. E aquela sede matada ao gole gelado vai cada vez mais respondendo as incertezas, ou piorando-as. Eis o espírito da coisa.

   Já reparou os tantos universos paralelos que esses momentos nos levam? Parece algo infinito. Há um mundo em cada um, em cada ser daquele sentado ao seu lado dividindo a mesma garrafa, talvez o mesmo copo. Há páginas e mais páginas de um livro onde as entrelinhas falam mais alto, onde os pontos e vírgulas sustentam todo um frenesi de desejos. Delírios árduos em meio a palavras flutuantes.

   Quando falo em palavras flutuantes, falo daquelas palavras, daquelas frases que ficam rodopiando dentro da cabeça procurando uma linha onde possa ser encaixada. Aonde vão se formando pensamentos de uma vida heterogenia de fatos e desejos. É onde reina os questionamentos, as repostas, a escrita do poeta bêbado, do escritor sóbrio.

   Mas em meio a tudo isso existe um simples fator que une tudo e todos: O desejo de viver. Tão avassalador e selvagem que os impulsiona para frente, os faz lançar-se ao mundo sem medo de viver, de perder, de cair. E impulsiona o pulo pra cima, o “sacode a poeira”, o outro dia clareado, o novo sorriso. Você sente o desejo no calor da pele, naquele olhar infindo onde não se sabe até onde pode enxergar. É nesse momento que uma pergunta pode ser respondida. Porque existimos? Existimos pra viver.

   E tudo se torna eterno enquanto for lembrado.

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