A mesa molhada do bar diz quanto tempo os copos já
ficaram ali, indo e vindo a cada gole. É quase um ritual. Tem o altar, as
oferendas, os sacerdotes e a consumação embriagada no fim da noite. São os dito
cujos “Corações selvagens” que tanto anseiam tais noites, correndo velozes em
busca de algo que nem ao menos tantos deles sabem descrever. E aquela sede
matada ao gole gelado vai cada vez mais respondendo as incertezas, ou
piorando-as. Eis o espírito da coisa.
Já reparou os tantos universos paralelos que esses
momentos nos levam? Parece algo infinito. Há um mundo em cada um, em cada ser
daquele sentado ao seu lado dividindo a mesma garrafa, talvez o mesmo copo. Há
páginas e mais páginas de um livro onde as entrelinhas falam mais alto, onde os
pontos e vírgulas sustentam todo um frenesi de desejos. Delírios árduos em meio
a palavras flutuantes.

Mas em meio a tudo isso existe um simples fator que
une tudo e todos: O desejo de viver. Tão avassalador e selvagem que os
impulsiona para frente, os faz lançar-se ao mundo sem medo de viver, de perder,
de cair. E impulsiona o pulo pra cima, o “sacode a poeira”, o outro dia
clareado, o novo sorriso. Você sente o desejo no calor da pele, naquele olhar
infindo onde não se sabe até onde pode enxergar. É nesse momento que uma
pergunta pode ser respondida. Porque existimos? Existimos pra viver.
E tudo se torna eterno enquanto for lembrado.
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